A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) é um dos membros fundadores do Laboratório Colaborativo para as Biorrefinarias (CoLAB BIOREF), que pretende contribuir para uma estratégia nacional na utilização da biomassa como recurso renovável.
O BIOREF junta nove entidades do Sistema Científico e Tecnológico Nacional e 11 empresas e pretendem “procurar novos processos e tecnologias avançadas que utilizem a biomassa como matéria-prima e a transformem em produtos comercializáveis”.
Este CoLAB irá realizar ações de investigação, desenvolvimento e inovação multidisciplinares “necessárias para mudar o paradigma da economia baseada em fósseis, projetar e implementar biorrefinarias, orientadas para o uso sustentável da biomassa, e contribuir para uma economia de baixo carbono e/ou carbono zero para Portugal – Horizonte 2030”. Pretende ainda gerar novas cadeias de valor, criar emprego qualificado e impulsionar a bioeconomia nacional.
Considerando o potencial da biomassa, o papel da UTAD no CoLAB focar-se-á na obtenção/desenvolvimento de tecnologia e de biocombustíveis avançados, de hidrogénio e de biometano. “Neste aspeto, e desde há muitos anos, a UTAD tem aplicado com sucesso tecnologias como a biodigestão, a pirólise e a gasificação para a obtenção de biometano e hidrogénio, indo ao encontro dos objetivos da estratégia nacional para o hidrogénio. Da mesma forma, tem-se dedicado à conversão de plástico usado em biocombustíveis líquidos e gasosos, bem como ao estudo de soluções baseadas em biomassa para a produção de eletricidade e de calor”, explica Amadeu Borges, investigador do Laboratório de Ciências Térmicas e Sustentabilidade e representante da UTAD no BIOREF.
Tendo ainda como certo que a utilização de combustíveis de origem fóssil deverá ser atenuada, a UTAD tem desenvolvido esforços, procurando soluções de transição energética. “É o caso do recurso ao gás natural para a mobilidade que, apesar de se tratar de um combustível fóssil, é o que menos polui, podendo ser comparado, em termos de emissões de gases de efeito de estufa, a algumas fontes de energia renovável”, acrescenta o mesmo responsável. Para este objetivo, muito contribuiu – salienta Amadeu Borges – a participação da UTAD num projeto europeu focado no gás natural veicular, que reúne os maiores operadores de mercado de combustíveis rodoviários, empresas tecnológicas, como a UTAD, e outras empresas dos mais variados setores.
Já no que respeita ao campus, foram colocadas em prática soluções sustentáveis para a produção de energia elétrica e térmica para consumo nas instalações, nomeadamente 1000 painéis fotovoltaicos, numa potência total de 250kW, que corresponde a cerca de 20% da potência que a UTAD necessita nas instalações. Para a produção de energia térmica, a Universidade instalou caldeiras a biomassa que serão garantia de fornecimento de água quente para aquecimento ambiente, não poluente e ambientalmente responsável. Relativamente à mobilidade sustentável, a UTAD instalou nos campi quatro postos de carregamento de viaturas elétricas, e está prevista a renovação da frota automóvel, reforçando o número de viaturas elétricas e híbridas.
No contexto dos biocombustíveis, Emídio Gomes, Vice-Reitor para a área da Investigação da UTAD, salienta ainda o relevo que a participação da UTAD no BIOREF pode trazer, “não podemos esquecer a Estratégia Nacional para o Hidrogénio (EN-H2) que, além do potencial de dinamização deste setor, introduz uma nova e interessante vertente no setor energético nacional, a de uma indústria em torno do hidrogénio verde, podendo ser ainda a alavanca tão esperada para o incremento do consumo de energia renovável no setor dos transportes”.