Peso da Régua vai homenagear Armanda Passos

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No dia 17 de fevereiro, celebram-se os 80 anos do nascimento de Armanda Passos (1944 – 2021).

A Câmara Municipal do Peso da Régua associa-se à data, atribuindo a Medalha de Honra a Armanda Passos, a título póstumo, através da sua filha.

A cerimónia decorrerá no Museu do Douro – Espaço Armanda Passos, no dia 17 de fevereiro, pelas 12h00.

Armanda Passos nasceu no Douro.

Vivendo toda a família no Porto, foi vontade de sua avó materna que a bebé nascesse na quinta do Peso da Régua, por tradição familiar. Após o nascimento regressou ao Porto, cidade onde cresceu, estudou e se licenciou em Artes Plásticas pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto, atual FBAUP, com a classificação máxima de 19 valores em Pintura. Criou a sua obra, representou o País em bienais internacionais, construiu a Casa Armanda Passos, projetada por Álvaro Siza, onde viveu até ao fim.

Voltaria à Régua apenas na infância para passar o verão com os primos. Todavia, nos momentos finais da doença, Armanda Passos decidiu doar ao Museu do Douro (Peso da Régua) mais de 80 obras. Estas encontram-se em exposição permanente no Museu, no “Espaço Armanda Passos”, para fruição de todos.

Armanda Passos foi premiada pelo Ministério da Cultura nos anos 80, homenageada pela Universidade do Porto em 2011 aquando das Comemorações do Centenário, com duas exposições individuais (as únicas dedicadas a um artista plástico), condecorada com a Ordem de Mérito no Dia de Portugal (2012), homenageada postumamente pela Fundação Champalimaud com uma monumental retrospetiva da sua pintura a óleo, e condecorada com a Ordem Militar de Santiago de Espada, a título póstumo, no Palácio de Belém.

Sobre a sua obra escreveram nomes como José Saramago, Vasco Graça Moura, Eduardo Prado Coelho, António Alçada Baptista, David Mourão-Ferreira, Lídia Jorge, António Barreto, José-Augusto França. Encontra-se presente no Ministério da Cultura, na Coleção de Arte Contemporânea do Estado, no Museu do Chiado-Museu Nacional de Arte Contemporânea, Fundação Champalimaud, Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação Oriente, Fundação Millennium BCP, Fundação Altice, Museu de Serralves, Presidência da República, Procuradoria Geral da República, entre outras relevantes instituições.

No Dia de Portugal, recentemente comemorado no Peso da Régua, o discurso do Presidente da República realçou “o Douro de Armanda Passos!”

Partilhamos um excerto da carta doada ao Museu do Douro, “O verão da minha infância foi passado com a avó numa quinta onde nasci, e que há muito foi cortada por uma estrada, no meio das trovoadas sufocantes, mais as histórias sem fim que pairam reais no meu imaginário infantil, desde a capela com os santos milagrosos, os frades enterrados nela, até ao corredor das glicínias que perfumavam todo o jardim, onde o Rio Corgo circundava a terra e deixava ilhas para os piqueniques. Lembro-me dos lagares, do calor das uvas quando colhidas, do cheiro do vinho fermentado, do frio das adegas quando cerradas, do terror das sardaniscas que passeavam o teto caiado ao dormir a sesta. Lembro-me do comboio de cortinas que fechavam para não ver o escuro dos túneis, do abismo do rio, terra acima em direção a um lugar mágico, mas difuso com olhos de não voltar; do calor desses verões, dos insetos que bailavam junto das videiras, do revisor que cumprimentava a Avó, do comboio que esperava por ela, do cheiro do carvão, do vapor nos meus olhos, das viagens infinitas e as nuvens a ameaçarem sempre trovoada. Do Douro aprendi, desde pequena, a olhar para dois sítios: para o rio e para o céu.”

CI_CMPR

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